quinta-feira, 12 de maio de 2016

A profunda dor da injustiça pessoal não comove num país de injustiças

Me pareceu "fraco" o discurso de Dilma ao anunciar o seu afastamento. Bater na tecla da injustiça em um país cuja maior marca é precisamente a injustiça não me parece producente, tampouco capaz de produzir grande empatia, para além daquelas pessoa que já estão a compreender o processo.

Pessoalmente preferiria que ela tivesse aproveitado a ocasião para rememorar brevemente todos os passos do golpe, para além daqueles imediatamente após a promulgação do resultado das urnas, pelo candidato derrotado Aécio Neves. Que ela mencionasse os travamentos na Câmara aos projetos que encaminhou, desde as jornadas de protestos de 2013; que ela, didatica e sucintamente, explicitasse para a população o crescente processo de imviabilizacao de seu governo, na descarada aposta no "quanto pior, melhor", nas chamadas "pautas bombas e no "deixá-la sangrar até o fim". Em minha percepção pessoal, ela desperdiçou uma excelente oportunidade de rememorar e mesmo informar os atos sequencias dessa farsa humilhante, instrumentalizada por meio do impeachment, coisa que não está clara à grande maioria da população (pela óbvia manipulação realizada diariamente pela mídia oligopolizada). Como disse no início, parece-me de baixissimo impacto empático falar da sua dor pessoal diante da injustiça em uma nação que se caracteriza precisamente pela injustiça.

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