quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Parlamento mais caro do mundo será o mais teocrata?

Página do Senado da República anuncia programação de dois cultos religiosos
As forças teocratas, que congregam o que há de mais obscurantista, reacionário e autoritário no pensamento religioso, seguem avançando na ocupação de espaços no seio da República.

Dão cumprimento ao seu projeto de Igreja Estendida, que constitui "buscar, de forma ousada, tomar posse da sociedade em que vivemos", investidos que se creem de um "mandato para assumir o domínio e para transformar a sociedade" (WAGNER, 2007, p. 11 e 194-195). Em sua operacionalização, de maneira coordenada vão  fixando bandeiras, implantando núcleos de culto em todos os espaços públicos institucionais - Senado, Câmara, Palácio do Planalto, Assembleias Legislativas, Tribunais de Justiça, Universidades Federais...

Os assuntos republicanos não lhes interessam senão na exata medida da obtenção de privilégios (como as concessões de emissoras de rádio e televisão, obsequiadas sobretudo durante o governo do Presidente José Sarney, no público toma-lá-dá-cá em troca dos seus cinco anos de mandato), com o que violam precisamente os preceitos republicados e democráticos - impessoalidade, universalidade, moralidade, publicidade, constitucionalidade (MASCARENHAS, 1997, p. 22). 

Lutam pela imposição do ensino religioso nas escolas públicas, mas não dão à mínima para a sua qualidade. Aliás, qualidade dos serviços públicos (saúde, educação, segurança, transportes, por extensão, justiça social) é pauta que lhes é estranha.  Estão mais interessados no exército de pessoas social e emocionalmente vulneráveis, ao qual dirigem seu discurso proselitista através de promessas de "salvação" e prosperidade individual por meio de trocas pecuniárias e alguns serviços de assistência social de caráter religioso.

No curso de um tal projeto, elejer homossexuais e travestis como inimigos públicos constitui uma tática potente para obtenção de ampliada visibilidade. Como  no passado se fez com os judeus e os comunistas, as demandas por reconhecimento sociojurídico trazidas pelo segmento populacional referido como LGBT são desvirtuadas e desqualificadas; seus atores sociais, devem ocupar  o papel cultural e político representado pela "caça às bruxas".

Por traz de um discurso pseudamente cristão, promovem a cultura autoritária e odiosa, que tanto se tem lutado no país para superar.



Referências:
WAGNER, Peter C. Os cristãos no ambiente de trabalho. Como o povo de Deus pode transformar a sociedade. Tradução: Lena Aranha.  São Paulo: Vida, 2007.
MASCARENHAS, João Antonio de S. A Tríplice Conexão - Machismo, conservadorismo político e falso moralismo. Rio de Janeiro: 2 A, 1997.

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