segunda-feira, 6 de junho de 2011

AMEAÇAS AO REGIME REPUBLICANO: A Guerra Santa dos Neopentecostais

As ações cada vez mais ousadas dos evangélicos obscurantistas seguem num crescendo preocupante. Tudo leva a crer que estão mesmo determinados a implantar no Brasil uma "Guerra Santa".

Suas ações intolerantes e totalitárias já vem de longe, lá da década de 1980, para sermos mais precisos. Afronta aos cultos e cerimônias de outras religiões, ataques aos instrumentos de culto de outros credos, pregações agressivas, abordagens desrespeitosas, inoportunas, invasivas, totalitárias, tudo isso vimos assistindo há cerca de trinta anos.

A deflagração do projeto político de instituição, no Brasil, de um estado evangélico coincidiu com a crise econômica, geradora de hiperinflação, muito desemprego e desespero. As famílias, desestruturadas, passaram a buscar na religião o amparo que não encontravam no Estado, via políticas sociais. Foi a sopa no mel, como se diz popularmente. O terreno estava completamente fértil a ascensão do obscurantismo religioso: miséria, insegurança, desemprego, violência, hiperinflação, precariedade do ensino público, do atendimento médico e da segurança.

Da Bahia, estado que congrega o maior número de negros fora do continente africano, tem sido corriqueiras as notícias dando conta de agressões aos Templos de Culto de Candomblé - tradicionais na Bahia, sobretudo, mas tambem presente em toda parte do país. Na entrevista concedida à Marília Gabriela no programa De Frente com Gabi, exibido na noite de ontem, o Deputado Federal Jean Wyllys recordou a demolição de uma Casa de Culto, promovida por funcionário público municipal evangélico. Na ação, foram destruídos os "pejís" - assentamentos dos orixás, local sagrado para os seguidores daquela religião.

Mas não apenas na Bahia são promovidos ataques contra as religiões da matriz africana. Em diversos pontos do país são verificados ataques sistemáticos e crescentes, inclusive perpetrados pela Polícia Militar, como foi o caso em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, em 26 de junho de 2010. Munidos apenas de um "abaixo-assinado", policiais invadiram o templo, interrompendo o culto, e agrediram os presentes - inclusive um menor. O caso deu ensejo a uma carta de protesto por parte de Átila Nunes e Átila Nunes Neto. Veja o texto integral aqui.

A Câmara Municipal de Niteroi aprovou Moção de Censura contra a manifestação de opinião de Frei Betto, publicado em 23 de maio, no qual se posicionou a favor do reconhecimento sociojurídico dos homossexuais. Com 18 vereadores, a iniciativa foi repudiada apenas por dois.

A prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panissé, quebrando longa tradição, proibiu a execução dos tapetes de Corpus Christi. A informação é do Blog do Pablo. Confira.

Afora isso, há ainda, segundo o mesmo Pablo Brandão, propostas legislativas tendendo tornar obrigatória a cobrança do Dízimo; obter a extinção dos feriados católicos e a obrigatoriedade do ensino religioso. Veja aqui.

Enquanto isso, a Câmara dos Deputados, em Brasília, tornou-se um templo fundamentalista. Lá, com o dinheiro público, realizam-se sessões de Culto religioso e de comemoração de nominação religiosa.

Curiosamente, o blog da Frente Parlamentar Evangélica suprimiu o conteúdo do post "Projetos de Leis".


Ataques ao STF e manipulação da informação
Inconformados com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que, numa interpretação sistemático-analógica reconheceu o direito às conjugalidades homoafetivas ao instituto da União Estável, católicos e neopentecostais obscurantistas - sobretudo esses últimos - vem cada vez mais elevando o tom em seus ataques ao Regime Republicano.

Nas redes sociais, adeptos das seitas e religiões neopentecostais vem promovendo ameaças contra a instuição encarregada de interpretar a Constituição e integrante do Terceiro Poder da República,  o Judiciáro.

Dentre as "propostas" veiculadas, logo após a decisão na ADPF 132 e ADI constava, pela via do Legislativo, através da Frente Parlamentar Evangélica, promover a supressão da vitaliciedade dos Ministros do STF.

Isso em meio a toda campanha difamatória forjada sobre o material paradidático do Programa Escola Sem Homofobia (segundo o deputado Federal Jean Wyllys jamais o material foi cogitado de ser dirigido aos alunos da primeira fase do ensino fundamental. Trata-se de material a ser distribuído às escolas que solicitarem, para ser trabalhados pelos professores em sala de aula e mediante acompanhamento de especialista do MEC).

A intensidade da campanha - promovida pelo capitão da reserva do exército e deputado fereral Jair Bolsonaro e encampada pelos evangélicos obscurantistas - foi enorme. O governo  não agiu com rapidez e eficácia, no sentido de esclarecer a população e inviabilizar o crescimento da campanha de desinformação. Limitou-se aos controvertidos e questionados comentários do Ministro Fernando Haddad, que mais contribuiram na promoção da desinformação e das críticas.

Em meio a uma crise (Caso Palocci), com o governo fragilizado politicamente, são divulgadas notícias dando conta de chantagens promovidas por parte da Frente Parlamentar Evangélica (trancamento da pauta do congresso; não votação das propostas governamentais).

Finalmente conseguem arrancar da Presidenta Dilma a precipitada (porque NÃO baseada em fatos e argumentos dos técnicos do MEC encarregados do Programa; ela mesma afirmou não conhecer os vídeos, tendo assistindo apenas parte de um, cujo pertencimento ao Programa é contestado) decisão de suspender a distribuição do material, embora o mesmo contasse com aval de diversas entidades, entre elas a UNESCO.

Seguem-se as apresentações de projetos de Decretos Legislativos. 

Um pretende a supressão da efetividade da decisão do STF quanto ao reconhecimento das famílias formadas por homossexuais (união estável).

Outro, busca suspender a validade da Portaria do Ministério da Saúde que garante a cirurgia de transgenitalização às pessoas transexuais.

Dia primeiro, organizam passeatas em diversas capitais, com o fim de repudiar o reconhecimento sociojurídico das pessoas com práticas homossexuais e suas conjugalidades. Igualmente verificam-se a disseminação de informações falsas (noticiam que os homossexuais estariam "queimando Bíblias"). Entregam ao presidente do Senado abaixo-assinado contra a proteção aos homossexuais em face das corriqueiras práticas discriminatórias (violências físicas, simbólicas - injúria, humilhações - assassinato), com o que se estaria regulamentando previsão constitucional - a Carta Republicana proibe práticas discriminatórias, seja por qual motivo for, mas, na prática, tal det rminação fica sem validade, na medida em que não há lei prevendo penalidade a quem descumprí-la. Daí o projeto de lei antidiscriminação (PL 122/2006).

Hoje, dia 06/05/2011, noticiam que no Acre alunos foram obrigados a assistir aos vídeos do Programa Escola Sem Homofobia.

A Câmara dos Deputados, através da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou o Projeto de Lei 2865/08 , do deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), que determina a existência de pelo menos um exemplar da Bíblica nas bibliotecas públicas. Seria o caso que se exigir a isonomia e exigir, igualmente, a disponibilização do Corão, da Torá etc.

A denúncia da intolerância já foi levada à ONU
Rosiane Rodrigues publicou no Observatório da Imprensa (edição 597, de 06/07/2010) o artigo intitulado Surdos são os outros. Ali Rosiane nos informa que em junho de 2009 a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa – CCIR entregou relatório ao presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Martin Uhomoibai, dando conta de relatos de casos de perseguição religiosa.

Além dos casos coletados, a CCIR apresenta denúncia formal contra a "Igreja Universal do Reino de Deus, assim como outras denominações neopentecostais, de promover uma ditadura religiosa no Brasil, através de sua prática racista e discriminatória contra religiosos de matriz africana e minorias étnicas".

Ainda segundo o artigo, um ano após a denúncia, o Grupo Internacional pelos Direitos das Minorias (Minority Rights Group International – MRG), publicou o seu relatório, onde constata que "a intolerância religiosa é o novo racismo". O relatório foi amplamente noticiado pela imprensa internacional.

Embora tenha obtido ampla repercussão internacional - noticiado até mesmo pela rádio do Vaticano -, o mesmo não se verificou no Brasil, afirma Rosiane.  

Esperanças
Mais uma vaga se abre no STF, com a aposentadoria da Ministra Hellen Gracie. A República espera que a Presidenta Dilma Roussef siga nomeando quadros mais técnicos do que políticos (nesses últimos estão incluídos os religiosos).

Esperanças igualmente surgem com atitudes como as do Pastor Ricardo Gondim, Frei Betto e Leonardo Boff, juntamente com as da Igreja Inclusiva, ao se posicionarem no sentido daquilo que nossa Constituição Republicana determina: um país fraterno, inclusivo, justo e solidário.

Acreditamos que, certamente, tambem em nosso país as denominações Católica, Metodista, Anglicana, Batista, Reformada Unida, hão de seguir o exemplo dos templos instalados na cidade de Liverpool, Inglaterra, e emitirão um comunicado público repudiando as atitudes discriminatórias, persecutórias (homofóbicas). Veja aqui.

Assista a entrevista do deputado Jean Wyllys ao De Frente com Gabi aqui.

Veja mais:
Sessão em homenagem ao dia da Bíblia na Câmara dos Deputados

Frante Parlamentar Evangélica Celebra Ceia no Congresso Nacional

Grande Culto: dia 08 de junho

aprovado projeto que recohece direitos às instituições religiosas


Frente Parlamentar Evangélica por denominação de culto

Um comentário:

Rita Colaço disse...

Ontem, 09.06.2011, o blog Entre Nós publicou a notícia de que o Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), indeferiu o insano projeto de decreto legislativo (PDC) proposto pelo deputado João Campos (PSDB-GO), cujo objetivo era tornar inexequível a decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a isonomia entre conjugalidades homo e heterossexuais no tocante a união estável.
Veja aqui:
http://oblogentrenos.blogspot.com/2011/06/presidente-da-camara-derruba-projeto.html?spref=fb